História da Feira


Na entrevista abaixo, Cleber Falcão Pessoa, presidente do Centro Cultural Pompéia e idealizador da Feira de Artes da Villa Pompéia, conta como tudo começou.*



Como surgiu a Feira de Artes da Vila Pompéia?

Antes, precisamos voltar um pouco na história do “Pourquoi Pas”. Bom, a “Creperie Pourquoi Pas”, como era chamada, foi formada por dois franceses, o Pierre e o Gri, e pela Silvana que era brasileira e que podia registrar o negócio no nome dela e que também era esposa do Pierre. Foi aberta em 1987.
Eu conheci o Pourquoi Pas por que sempre freqüentei o bairro, pois tinha muitos amigos na Pompéia. E eu tenho uma história com a Pompéia, desde os 7 anos quando comecei a jogar basquete no Palmeiras.
Na época, eu tinha 20 anos e gostava muito de trabalhar nos bares. Já tinha trabalhado no Bixiga (Bela Vista), quando eu conheci o bar, comecei a freqüentar e logo entrei de garçom. E a Creperie tinha uma idéia muito informal de um lugar pra você comer um crepe francês e consumir arte e cultura.
Tinha exposições, lançamento de livros... tinha várias coisas acontecendo com música e tal. Mas sempre houve problemas com o barulho, com a música, com a vizinhança. Mesmo por que na época a Vila Pompéia era um bairro dormitório. Não tinha “noite” no bairro, pouquíssimos bares. E quando tinha, não era no bairro em si, era encostado, como o Bar do Alemão na Av. Antarctica.
Dois anos depois de sua inauguração, a administração da Creperie passou pra outro Pierre e pro Marquinhos, que manteve o mesmo espírito de fazer arte no bar, fazer cultura. Essa mistura, na ocasião, era muito diferenciada para a vida noturna paulistana. Era um lugar totalmente fora do circuito noturno, por que na época, o que predominava eram Pinheiros, Jardins e Bixiga.
Na ocasião, eu ainda trabalhava de garçom e a gente percebeu que havia um problema sério com a vizinhança. Em uma reunião surgiu a idéia de fazer as atividades do lado de fora. Fazer arte na rua. O que já se fazia normalmente com os amigos que freqüentavam o bar. Escritores, escultores, fotógrafos, publicitários, jornalistas, músicos, artistas plásticos, artesãos, cineastas, pessoal de circo, atores renomados como Jairo Mattos, Zeca Baleiro, todos eles surgiram no “Pourquoi Pas”. Já que tínhamos esse perfil, resolvemos dar um presente pra vizinhança.
A primeira edição dessa festa, que batizamos como “Arte na Rua”, contou com um palco na rua e 17 espaços para entidades sociais. Me lembro que tinha um casal, cuja mulher foi aluna do meu pai, que morou no Senegal. Ela colocou uma barraca para expor o artesanato local. Haviam diversas entidades também, por que na época eu era ecologista, eu era militante no SOS Mata Atlântica, na Associação da Juréia. E trouxe diversas entidades, a maior parte ecológicas e também a Ciça, uma grande amiga que fazia salgados, que hoje tem uma Creperie, na Rua Paulistana, na Vila Madalena. Ela colocou coisas pro pessoal comer, que era o que ela sempre soube fazer bem, é uma profissional na área de gastronomia.
Esse conjunto de coisas foi tão interessante. Eram bandas que já tinham tocado no Pourquoi Pas, artistas que já tinham feito alguma exposição no bar... vieram mais ou menos umas 500 pessoas. E foi tão legal, que todo mundo pediu BIS.
Como foi agora, no evento que nós fizemos em Abril, o DEU JAZZ NA POMPÉIA. Muita gente saiu falando, e foi esse o espírito da Feira, o começo foi assim. E a partir daí, com a vizinhança aprovando, com a vizinhança gostando, foi quando a gente decidiu fazer mais uma edição no mesmo ano em Outubro.
Era eu, Pierre e o Marquinhos e a Rita, que na época representava a Administração Regional da Lapa (Hoje sub-prefeitura) e trabalhava na área cultural. Ela que respondia pela prefeitura com todo o apoio logístico, interagia com o ANHEMBI (Hoje SPTURIS), autorização, limpeza enfim, todos os serviços da prefeitura. Tinha figuras notáveis, entusiastas querendo agregar, ajudar e contribuir.
Na segunda edição, apesar de ter sido em um dia nublado e com garoa, o Fernando Gabeira (atualmente deputado federal pelo PV), esteve presente na feira. Na época, ele era candidato a presidente pelo Partido Verde. Esse ano, de 89, que foi a primeira eleição presidencial depois de 30 anos de ditadura.
Eu sou da geração em que a gente ia para a rua pra pedir “Diretas Já! O povo quer votar”! Tanto que a minha carreira profissional como produtor começou ali também, nos “showmícios” e no Diretas Já.
*Por Marcos Moreira Vaz (Caco), jornalista.


O evento

A Feira de Artes da Vila Pompéia é um evento sócio-cultural, de lazer e entretenimento, realizado há 22 anos nas ruas do bairro da Vila Pompéia, zona oeste da cidade de São Paulo.

Participam do evento artistas, artesãos, estilistas, escultores, designers, atores, músicos, cineastas, fotógrafos, órgãos públicos, ongs, moradores, comerciantes, empresas, formadores de opinião, críticos de arte e imprensa.

A Feira é realizada anualmente no terceiro domingo de maio, conforme o calendário oficial de eventos da Prefeitura da Cidade de São Paulo e Spturis – Eventos e Turismo (Lei 14.485 de 19 de julho de 2007 – Projeto Lei nº 102/07), devendo receber um público circulante de cerca de 100.000 pessoas de diversas localidades, das 9:00h às 19:00h.
A Feira, cuja entrada é livre e gratuita, recebe um público circulante de 100.000 pessoas de diversas localidades, das 9:00 às 19:00.